A xerostomia (boca seca) pode ser evitada com uma alimentação com mais caldos e molhos e com assistência odontológica

12 de Março de 2018

 

A xerostomia é uma das complicações orais mais comuns durante e após as sessões de radioterapia. Ela reduz ou impede a produção de saliva, sendo esta responsável pela lubrificação das mucosas e pela deglutição, pela formação de uma barreira de proteção antimicrobiana, serve também como reservatório de íons e ajuda a neutralizar o pH da boca. Por reduzir ou anular essas funções salivares, o paciente com xerostomia fica propenso à degeneração dos botões gustativos, a dificuldades na fonação e mastigação, e a doenças oportunistas.

Em geral, os pacientes com câncer de cabeça e pescoço são mais acometidos pela xerostomia seja durante e após a radioterapia, seja em determinadas quimioterapias ou, ainda, em decorrência de certas cirurgias. Cerca de 80% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço irradiados sofrem com a sensação de boca seca. Com a incidência da radiação, queimaduras também podem se desenvolver na cavidade oral formando radiodermites, além de eritema, edema, dor, prurido, erosões e ulcerações. , que acomete 80% dos pacientes irradiados e deixa a sensação de boca seca.

Uma alimentação rica em caldos e molhos pode ser uma excelente escolha para contornar a xerostomia. Além dessa dica, o ideal é procurar cuidados com um dentista para reverter essa complicação oral muito comum para determinados tipos de câncer. Em publicação para a Revista virtual Viva Saúde, mantida no Portal UoL, a gerente de nutrição Suzana Lima – do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, elaborou um quadro com os principais efeitos colaterais e as melhores dicas para evitá-los e combatê-los.

Acesse o quadro, clicando aqui

EPIDEMIOLOGIA

Os dados epidemiológicos de câncer apontam que 10% do total de casos correspondem a tumores malignos de cabeça e pescoço. Em grau de prevalência, a cavidade oral é a mais cometida, com quase metade da incidência, seguida pela laringe, faringe e glândulas salivares. Os cânceres de cabeça e pescoço acometem mais homens do que mulheres, com 73% contra 27% dos casos, em razão do alcoolismo e tabagismo.

Com o diagnóstico precoce e a utilização de tratamentos modernos e eficazes, a possibilidade de cura e o tempo de vida do paciente só aumentam. No geral, o tratamento contra o câncer consiste em cirurgia (para retirada do tumor), radioterapia (braquiterapia e teleterapia), quimioterapia (sistêmica ou hematopoiética) ou, ainda, terapia mista com as três possibilidades juntas.

ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA

Aliado a esses tratamentos convencionais, a assistência odontológica se apresenta como necessária e bastante eficaz, principalmente nos casos de câncer de cabeça e pescoço. Segundo a dentista Flaviani Alfano, a assistência odontológica precisa ser preventiva e durante e pós tratamento de câncer com o objetivo de minimizar infecções locais ou sistêmicas, reduzir as possibilidades de complicações orais e aumentar a qualidade de vida do paciente.

“Todo paciente de câncer deve e precisa ter cuidado com a saúde bucal, porque durante o tratamento com radioterapia ou com quimioterapia podem surgir complicações orais. As cirurgias de câncer de cabeça e pescoço são muito impactantes e o dentista vai ajudar a contornar esses impactos. Nos hospitais, há sempre encaminhamento dos médicos oncologistas e radiologistas para a assistência odontológica”, garantiu no ano 2016 a odontóloga hospitalar em apresentação para profissionais de saúde na sede da AMO.