“Assistência odontológica é indispensável para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço”, afirma dentista

25/02/2016

Palestra reuniu profissionais de saúde para compreender a importância da assistência odontológica no tratamento do câncer. A cirurgiã-dentista Flaviani Alfano, do Serviço de Odontologia da Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia, abriu as atividades do ano do Grupo de Estudo de Câncer Relacionado ao Trabalho, na Associação dos Amigos da Oncologia – AMO, com a Palestra “A importância do tratamento odontológico para pacientes com câncer de cabeça e pescoço”.

De acordo com dados epidemiológicos de câncer, 10% do total de casos correspondem a tumores malignos de cabeça e pescoço. Em grau de prevalência, a cavidade oral é a mais cometida, com quase metade da incidência, seguida pela laringe, faringe e glândulas salivares. Os cânceres de cabeça e pescoço acometem mais homens do que mulheres, com 73% contra 27% dos casos, em razão do alcoolismo e tabagismo.

Com o diagnóstico precoce e a utilização de tratamentos modernos e eficazes, a possibilidade de cura e o tempo de vida do paciente só aumentam. No geral, o tratamento contra o câncer consiste em cirurgia (para retirada do tumor), radioterapia (braquiterapia e teleterapia), quimioterapia (sistêmica ou hematopoiética) ou, ainda, terapia mista com as três possibilidades juntas. AMO-GRUPODESTUDO-CÂNCER-FEVEREIRO-2016-3

ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA

Aliado a esses tratamentos convencionais, a assistência odontológica se apresenta como necessária e bastante eficaz, principalmente nos casos de câncer de cabeça e pescoço. Segundo a dentista Flaviani Alfano, a assistência odontológica precisa ser preventiva e durante e pós tratamento de câncer com o objetivo de minimizar infecções locais ou sistêmicas, reduzir as possibilidades de complicações orais e aumentar a qualidade de vida do paciente.

“Todo paciente de câncer deve e precisa ter cuidado com a saúde bucal, porque durante o tratamento com radioterapia ou com quimioterapia podem surgir complicações orais. As cirurgias de câncer de cabeça e pescoço são muito impactantes e o dentista vai ajudar a contornar esses impactos. No Hospital de Cirurgia, onde exerço minha atividade, há sempre encaminhamento dos médicos oncologistas e radiologistas para a assistência odontológica”, garante a odontóloga hospitalar.

COMPLICAÇÕES ORAIS

A radiodermite é uma das complicações orais mais comuns durante e após as sessões de radioterapia. Com a incidência da radiação, queimaduras podem se desenvolver na cavidade oral, além de eritema, edema, dor, prurido, erosões e ulcerações e o dentista trabalha geralmente para essa prevenção. Há, também, a xerostomia, que acomete 80% dos pacientes irradiados, e deixa a sensação de boca seca. AMO-GRUPODESTUDO-CÂNCER-FEVEREIRO-2016-7

A xerostomia reduz ou impede a produção de saliva, sendo esta responsável pela lubrificação das mucosas e pela deglutição, pela formação de uma barreira de proteção antimicrobiana, serve também como reservatório de íons e ajuda a neutralizar o pH da boca. Por reduzir ou anular essas funções salivares, o paciente com xerostomia fica propenso à degeneração dos botões gustativos, a dificuldades na fonação e mastigação, e a doenças oportunistas.

Por último, a mucosite é outra complicação oral bastante comum, pois se apresenta com a redução da espessura do epitélio, com descamação superficial, favorecendo a ação de microrganismos oportunistas e é responsável pela maioria dos casos de septicemia, infecção generalizada.

Tanto a quimioterapia como a radioterapia podem implicar no surgimento da mucosite nos pacientes. Para a cirurgiã-dentista, a assistência odontológica é mais que necessária, é fundamental. “Vista a íntima relação do tratamento oncológico de cabeça e pescoço com os tecidos orais, é indispensável a assistência odontológica a esses pacientes, desde o diagnóstico até a conclusão do tratamento, de maneira que proporcione maior conforto e menor risco de complicações, tanto orais como sistêmicas”, concluiu Flaviane Alfano, que possui formação pela Universidade Federal de Sergipe e atuação em UTI e odontologia hospitalar.

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