A Associação dos Amigos da Oncologia – AMO encerrou o ano de 2020 com 3.498 pacientes com câncer (entre crianças, adolescentes, adultos e idosos) vinculados à instituição. Desse total, 1.214 pacientes receberam assistência integral ou parcial.
Com direito a um acompanhante por paciente, o número já expressivo é dobrado e 2.428 pessoas foram beneficiadas e geraram mais de 40 mil atendimentos entre consultas nos serviços assistenciais e multidisciplinares, benefícios, transportes, hospedagens na casa de apoio e projetos.
Dos 1.214 pacientes com câncer, 776 foram de pacientes já vinculados à Associação de anos anteriores, o que corresponde a 64% do total, e 438 foram casos novos, correspondendo a 36% do total. Desse percentual, 238 chegaram à Associação no primeiro semestre e 200 chegaram no segundo semestre de 2020.
Em regra, todo paciente assistido é usuário e depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde, encontra-se em situação de vulnerabilidade social e em fragilidade econômica, possui renda per capita ou familiar de até 2 salários mínimos e – com diagnóstico de câncer – enfrenta alguma etapa do tratamento (quimioterapia, radioterapia, cirurgia, controle do câncer ou em cuidados paliativos).
GÊNERO E FAIXA ETÁRIA
Dos 438 casos novos de pacientes com câncer, 139 são homens adultos (32%) e 299 são mulheres adultas (68%). Entre esse número total, 45 deles são adultos jovens, com idade de 19 a 39 anos, o que corresponde a 10%; 212 são adultos de meia idade, com idade de 40 a 59 anos, o que corresponde a 49%; e 181 são idosos, com idade acima dos 60 anos, correspondendo a 41% do total. Em 2020, não houve caso novo de criança e adolescente com câncer na Associação.
Ao separar por gênero e faixa de idade, dos 139 homens, 10 são adultos jovens, 50 são adultos de meia idade e 79 são idosos, sendo 8 idosos com mais de 80 anos e 1 idoso com mais de 90 anos. Das 299 mulheres, 35 são adultas jovens, 162 são adultas de meia idade e 102 são idosas, sendo 9 idosas com mais de 80 anos e 5 idosas com mais de 90 anos.
DOMICÍLIO E CIDADE DE ORIGEM
Ao longo de duas décadas e meia de existência, a Associação já acolheu pacientes com domicílio em todo o Estado de Sergipe e em cidades do interior dos Estados da Bahia, de Alagoas e até de Pernambuco. No ano de 2020, entre os casos novos, a Associação marcou presença, com sua assistência, em pacientes com domicílio em 60 dos 75 municípios sergipanos (cobertura de 80% do Estado) e em 5 municípios baianos.
Dos 438 casos novos, 165 ou 38% do total têm domicílio em Aracaju e 273 ou 62% do total têm domicílio em cidades do interior do Estado de Sergipe e da Bahia. Ao juntar a capital com a Grande Aracaju, formando a Região Metropolitana de Sergipe, 234 pacientes ou 53% do total confirmam domicílio na Região, sendo 44 pacientes em Nossa Senhora do Socorro, 19 em São Cristóvão e 6 na Barra dos Coqueiros.
Para além da Região Metropolitana, as cidades do interior sergipano mais presentes como domicílios de casos novos de pacientes são Itabaiana (16), Estância (16), Simão Dias (15), Lagarto (14), Itabaianinha (11), Tobias Barreto (8) e Canindé do São Francisco (6). Cinco municípios baianos também surgiram entre os casos novos como domicílio dos pacientes, a exemplo de Santa Brígida, Coronel João Sá, Fátima, Pedro Alexandre e Riacho Grande.
TIPOS DE CÂNCER
Os pacientes chegam à Associação com diagnóstico de câncer inicial, avançado ou metastático. Por localização primária, que se trata do tecido ou órgão de surgimento e desenvolvimento do câncer – entre os 438 casos novos presentes na Associação no ano de 2020 -, 151 ou 34,5% do total são de mulheres com câncer de mama; 113 ou 26% do total de casos são de homens e mulheres com cânceres do aparelho digestivo;
Seguindo, 58 ou 13% do total são de mulheres com câncer ginecológico; 36 ou 8,2% do total são de homens e mulheres com cânceres urológicos; 32 ou 7,3% são de homens e mulheres, em grupo diverso, com câncer de pulmão ou de pele do tipo melanoma; 25 ou 5,7% são homens e mulheres com câncer de cabeça e pescoço; e 23 ou 5,3% são homens e mulheres com cânceres hematológicos.
⁃ câncer de mama (151 casos).
⁃ cânceres do aparelho digestivo: câncer colorretal (42 casos), estômago (30 casos), esôfago (18 casos), fígado (12 casos), pâncreas (9 casos) e vesícula (2 casos).
⁃ cânceres ginecológicos: colo uterino (46 casos), ovário (11 casos), endométrio (1 caso).
⁃ cânceres urológicos: próstata (29 casos), rim (4 casos), bexiga (2 casos), testículo (1 caso).
⁃ cânceres de grupo diverso: pulmão (15 casos), pele do tipo melanoma (9 casos), cérebro (3 casos), peritônio (3 casos), glândula suprarrenal (2 casos).
⁃ cânceres de cabeça e pescoço: laringe (11 casos), orofaringe (4 casos), boca (3 casos), língua (3 casos), tireóide, mandíbula, septo-nasal, glândula salivar com 1 caso para cada tipo.
⁃ cânceres hematológicos: leucemia (10 casos), linfoma não Hodgkin (6 casos), linfoma de Hodgkin (4 casos), mieloma múltiplo (3 casos).
UNIDADES DE TRATAMENTO
Os pacientes chegam à Associação em busca de apoio e assistência por demandas espontâneas ou por encaminhamentos feitos por profissionais de saúde dos serviços de oncologia dos hospitais parceiros, como o Hospital de Cirurgia, o Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho e o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe.
Com base nos encaminhamentos, nas entrevistas e nos cadastros dos pacientes com o Serviço Social da Associação – entre os 438 casos novos – 249 ou 57% do total de pacientes estavam em tratamento de quimioterapia ou cirurgia no Hospital de Cirurgia; 179 ou 41% do total de pacientes estavam em tratamento de quimioterapia, de radioterapia ou cirurgia no Hospital de Urgências de Sergipe; os outros 10 ou 2% restantes estavam em tratamento (cirurgia) no Hospital Universitário ou aguardando/decidindo em qual hospital iniciar tratamento.
ESCOLARIDADE, OCUPAÇÃO, CONSUMO, COMPORTAMENTO, RELIGIÃO
Todo paciente com câncer, ao ser cadastrado na Associação, declara com consentimento de veracidade, em entrevista com a assistente social, diversos dados fundamentais e necessários para avaliação social, econômica, ocupacional e cultural. A coleta de tais dados serve unicamente para avaliação e nunca – sob hipótese alguma – para qualquer tipo de discriminação, conforme consta na missão institucional, registrada em ato constitutivo da organização, em seu Estatuto Social.
Apenas para título de informação, sem quantificar em números e porcentagens, o grau de escolaridade da maioria dos pacientes é baixo, com destaque para analfabetismo, semi-analfabetismo e ensino fundamental incompleto ou completo, com incidência pequena para ensino médio completo e nível superior, o que confere pouco letramento, dificuldade de entendimento sobre questões de saúde, sobre o câncer e sobre os tratamentos disponíveis.
A identificação ocupacional serve, muitas vezes, para relacionar à exposição a agentes nocivos para o surgimento e o desenvolvimento do câncer, a exemplo de produtos com potencial cancerígeno como pesticidas em lavouras, químicas nas indústrias, nos postos de combustíveis etc. Muitos pacientes declaram como principais ocupações empregada doméstica, cabeleireira, manicure, lavrador (a), pescador, pintor, pedreiro, motorista, frentista de postos, entre outros.
Pelo consumo se é capaz também de relacionar com o surgimento ou desenvolvimento de um câncer, sobretudo o consumo excessivo de álcool, de açúcar e de gorduras, de tabaco, que podem estar diretamente relacionado a cânceres de cabeça e pescoço, digestivos e pulmonares, respectivamente. Hábitos alimentares e sociais, estilos de vida como o sedentarismo e a obesidade também podem ser capazes de criar pontes e informações para o câncer.
Por fim, a religião pode ajudar a estabelecer conexão com o divino, com a fé e com a esperança, motivos importantes e essenciais para a luta e a jornada contra o câncer. A maioria dos pacientes se declara – sem qualquer pressão ou preconceito – católica, seguido de evangélica, e – em número menor – espírita, candomblecista e umbandista. Quase nenhum manifesta não ter alguma religião, credo ou fé.
* Fotos registradas em março de 2020, no início da pandemia no Brasil
** Apuração, Análise e Divulgação de Dados: Jeimy Remir – jornalista DRT 1787/SE
(ASCOM/ AMO)