A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco e o Governo do Estado de Sergipe enviaram consultores aos 75 municípios sergipanos para realizar um diagnóstico sobre o perfil das ONGs com o objetivo de promover a estruturação da rede de organizações não-governamentais e qualificar suas intervenções nas mais variadas temáticas. A Associação dos Amigos da Oncologia – AMO foi uma das ONGs perfiladas, tendo sido diagnosticada pela consultora brasiliense Valéria Medeiros Andrade, que buscou entender as razões de existência da associação, projetos realizados, público atendido, gestão, sustentabilidade, desafios.
DIAGNÓSTICO DO TERCEIRO SETOR
O objetivo principal do projeto é desenvolver metodologias, estratégias e ações que contribuam para assegurar os direitos da população que se encontra em situação de extrema pobreza e dos cidadãos mais expostos a situações de vulnerabilidade. Por isso, uma série de informações estão sendo levantadas para dar subsídios à elaboração de novas políticas públicas, apoio governamental e possibilidades de financiamentos via edital ou convênio.
Participaram do diagnóstico e responderam aos questionários por mais de duas horas as assistentes sociais Conceição Balbino, presidente da AMO, e Verônica Passos, vice-presidente da AMO, em sintonia com o assessor de comunicação Jeimy Remir. Eles mergulharam num processo de auto-reflexão sobre o fazer do Terceiro Setor. De acordo com a assistente social Conceição Balbino, presidente da AMO, além de possibilitar a reflexão do nosso fazer, esse mapeamento serve para reafirmar a nossa existência para o Estado. “Ao longo do tempo, viemos assumindo um papel que é do próprio Estado. Hoje, reconhecemos a força do Terceiro Setor para fazer justiça social. Esse diagnóstico surge a partir disso e, possivelmente, trará bons resultados”, acredita.
MERCADO VERSUS SOCIAL
Com graduação em Artes Plásticas, mestrado e doutorado em Desenvolvimento Sustentável, Políticas e Gestão e pós-doutorado em Psicanálise pela Universidade de Brasília, a consultora Valéria Medeiros possui vasta experiência com os diagnósticos realizados pela Unesco. Este último diagnóstico tem possibilitado a ela a descoberta de inúmeras organizações não-governamentais desempenhando papeis fundamentais na capital e no interior sergipano. Para ela, a concentração do poder nas mãos de poucos implica na falta de acesso dos menos favorecidos a bens e serviços que proporcionam qualidade de vida, cidadania e pertencimento social. “A linguagem do mercado é a do consumo, da aparência, e privilegia o ter e não o ser. Esse conceito termina por homogeneizar a singularidade de cada indivíduo e, por isso, o mercado não contempla os menos favorecidos. E como o Estado está enfraquecido, o Terceiro Setor desenvolveu um olhar para dentro do indivíduo, a favor da dignidade humana”, conclui a consultora.