Coordenador do registro de câncer em Sergipe explica como funciona a coleta de dados na oncologia

28/11/2016

O Grupo de Estudos do Câncer Relacionado ao Trabalho – do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Anísio Dário (Cerest/Aracaju) contou com a palestra do cirurgião oncologista Carlos Anselmo Lima sobre “Sistema de Informação em Câncer”, realizada neste mês de novembro no miniauditório da Associação dos Amigos da Oncologia – AMO. O objetivo da apresentação foi esclarecer para profissionais de saúde e da assistência em oncologia sobre como são coletados os registros de câncer em Aracaju, Sergipe e no Brasil.

Os registros de câncer se caracterizam em centros de coleta, armazenamento, processamento e análise – de forma sistemática e contínua – de informações sobre pacientes ou pessoas com diagnóstico confirmado de câncer. Esses registros podem ser de dois tipos: de base hospitalar (conhecido pela sigla RHC – Registro Hospitalar de Câncer) e de base populacional (RCBP – Registro de Câncer de Base Populacional).

REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER

Em geral, o registro hospitalar reúne informações que têm por finalidade a avaliação da qualidade da assistência prestada a pacientes atendidos em determinado hospital. A informação produzida em um RHC reflete o desempenho do corpo clínico. Entre os variados objetivos desse registro, temos o de fornecer dados sobre o número de casos de câncer matriculados no hospital, por localização do tumor e sexo; caracterizar o perfil da demanda de pacientes com câncer em relação a características demográficas e condição de chegada ao hospital (referência, diagnóstico e tratamento).

Dimensionar e avaliar os intervalos de tempo entre a primeira consulta, primeiro diagnóstico e início do tratamento; analisar a sobrevida geral dos pacientes para as diferentes localizações de tumor e os tipos mais frequentes de tratamentos realizados no hospital; fornecer aos RCBP os dados necessários sobre pacientes atendidos no hospital; e contribuir para o planejamento do serviço de saúde, visando à melhoria da assistência prestada ao paciente.

De acordo com o médico Carlos Anselmo, coordenador do RCBP de Aracaju, há três registros hospitalares de câncer em Sergipe: no Hospital de Urgências de Sergipe, na Fundação de Beneficência Hospital Cirurgia e no Hospital Universitário. “Mesmo com a existência desses registros, enfrentamos uma série de dificuldades como a falta de sistema informatizado na oncologia; falta de prontuário médico e de informações precisas no prontuário”, explica o cirurgião oncologista.

REGISTRO DE BASE POPULACIONAL

Este registro se caracteriza como um centro de coleta, armazenamento, processamento e análise de informações de pessoas que residem em uma área geográfica delimitada com diagnóstico confirmado de câncer. A informação produzida em um RCBP busca conhecer o número de casos novos de câncer em uma população específica, em área geográfica determinada, em um tempo definido (taxa de incidência).

Os objetivos passam a ser, portanto, avaliar o impacto do agravo de câncer na população coberta pelo registro por meio de análise das taxas de incidência; contribuir para a avaliação da demanda às unidades de saúde e o fluxo de pacientes dentro da área de cobertura do registro e com estudos epidemiológicos descritivos; identificar, por área geográfica, os grupos de risco; e promover a vigilância epidemiológica do câncer na população coberta.

Existem, para tanto, diversas fontes notificadoras: hospital geral, hospital de câncer, hospital universitário, laboratório de anatomia patológica, laboratório de análise clínica, consultórios médicos, asilo, radioterapia, seguros saúde e sistema de base nacional. Segundo o coordenador estadual Carlos Anselmo, Sergipe possui registros de alta qualidade.

“Se comparado a registros de países da Europa e Estados Unidos, Sergipe tem dados coletados por base de qualidade, com avaliação interna e externa de acordo com manuais do câncer e com validação no INCA e em organização internacional como a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer – IARC, com sede na França”, garante o médico apresentando os dados consolidados no estado entre os anos de 1996 e 2012.

SOBRE O MÉDICO

Carlos Anselmo é o coordenador do Registro de Câncer de Base Populacional de Aracaju. Ele é cirurgião oncologista com vínculo no Centro de Oncologia do Hospital de Urgências de Sergipe e no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Possui graduação em Medicina pela UFS, especialização em cirurgia oncológica pelo Instituto Nacional do Câncer/Universidade Federal Fluminense e doutorado em Ciências da Saúde pela UFS.

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