GOVERNADOR DISCUTE PONTOS CRÍTICOS, MELHORIAS E AVANÇOS NA ONCOLOGIA DE SERGIPE COM REPRESENTANTES DA AMO

15/08/2018

 

Para atender a uma demanda das associações de pacientes com câncer e da sociedade civil frente à crise instalada na Oncologia Pública em Sergipe nos últimos anos, o governador do estado, o defensor público Belivaldo Chagas, abriu pela segunda vez sua agenda de atividades na última segunda-feira, dia 13 de agosto, para receber representantes da Associação dos Amigos da Oncologia – AMO com o objetivo de discutir pontos críticos, melhorias e avanços no SUS e buscar soluções conjuntas.

“Solicitei essa reunião de hoje com a participação dos gestores públicos estaduais da saúde, pois são eles os responsáveis pela agenda da oncologia, e quem melhor poderá tratar sobre os pontos a melhorar e as melhorias já feitas neste governo. Estou aqui para ouvir quem lida diretamente com os problemas dos pacientes oncológicos. Considero essa uma das melhores formas de se tratar o assunto”, refletiu o governador de Sergipe Belivaldo Chagas, reforçando que o Governo estadual atua hoje como cogestor do Hospital de Cirurgia para ajudar a enfrentar essa crise.

Para a assistente social Conceição Balbino, atualmente técnica de referência da Secretaria de Saúde de Aracaju e presidente-voluntária da AMO, com mais de 30 anos dedicados ao Serviço Social, duas décadas de serviço voluntário, já tendo sido coordenadora de oncologia do Hospital de Cirurgia, o SUS precisa ser defendido e os serviços públicos de oncologia necessitam de reestruturação e de tratamento cada vez mais humanizado.

“Ao representar mais de 4.200 pacientes oncológicos e cerca de 20 mil pessoas beneficiadas indiretamente pela Associação em mais de 21 anos de atuação, tenho como dever institucional lutar pelos direitos dos pacientes e também defender o SUS. Sabemos das dificuldades para gerenciar essa crise que se reinstalou na oncologia em Sergipe, nos impondo reviver o que se enfrentou na década de 1990, e por isso, não estamos aqui para jogar pedras nem para ajudar a afundar o barco. Estamos aqui para cooperar, para contribuir e para ver o serviço funcionar dignamente”, expressou a assistente social, ponderando sobre a situação atual.

PONTOS CRÍTICOS
Entre os pontos críticos apontados pela Associação, com base nas reivindicações reiteradas pelos pacientes com câncer usuários do SUS, estão a demora para fechar o diagnóstico com exames patológicos para a classificação biomolecular do tipo de neoplasia – essencial para o médico prescrever qual o tratamento mais adequado para combater as células cancerígenas -, exames de avaliação de resposta e de estadiamento e o não cumprimento da Lei dos 60 Dias, pela qual o paciente diagnosticado com câncer de mama tem direito a iniciar o seu tratamento em até 60 dias no SUS.

Além dessas conclusões, destacaram-se como cruciais a falta de quimioterápicos e de insumos como ocorreu em abril deste ano com o Taxol (substância antitumoral recorrentemente utilizada na quimioterapia para combater cânceres de mama, de ovário e de pulmão), a interrupção do tratamento de radioterapia com a quebra de acelerador linear (para o caso do Hospital de Cirurgia) e as enormes filas de espera por consultas médicas, exames diagnósticos e de imagem e cirurgias eletivas.

AVANÇOS
Em contraponto a todos esses gargalos, o superintendente do Hospital de Urgência de Sergipe – Huse, o médico Darcy Tavares Pinto, apresentou alguns avanços para superar esses pontos críticos como o pleno funcionamento de dois aceleradores lineares com tecnologia 3D para o tratamento da radioterapia, a compra planejada de quimioterápicos para evitar a falta de fornecimento e a interrupção de tratamento e a contratação de novos cirurgiões oncológicos para reduzir a fila por cirurgias eletivas.

“O Huse opera hoje com duas máquinas de radioterapia com tecnologia 3D. A fila de espera era de mais de 400 pacientes e já reduzimos para 57. A parceria com a Clinradi também vai possibilitar zerar a fila de espera mais rapidamente. Além da radioterapia, estamos liberando 1.500 exames de imagens por mês na clínica para os pacientes oncológicos. Estamos estudando a contratação de mais três cirurgiões oncológicos, sendo dois de cirurgia-geral e um de cabeça e pescoço”, informou o superintendente.

Acompanhado de sua assessoria técnica, do diretor clínico do hospital, Wagner Andrade, e do secretário estadual da saúde Valberto de Oliveira, o superintendente do Huse Darcy Tavares também informou melhorias para crianças e adolescentes com câncer com a construção de uma nova unidade de Oncologia Pediátrica e a criação de 18 leitos por meio de um convênio público-privado com a Avosos, o que poderá aumentar em dez novos leitos para o adulto e idoso com câncer quando a obra for concluída.

ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Concluindo as discussões, o jornalista e assessor de comunicação da AMO Jeimy Remir, atualmente coordenador do projeto Navegação de Pacientes em Sergipe, apresentou outros temas relevantes como o aumento da incidência do câncer para os próximos anos, o que deve requerer por parte dos governos, da sociedade civil organizada e dos brasileiros, ações efetivas para prevenção, tratamento e reabilitação do câncer, bem como forte fiscalização de orçamentos e acompanhamento do trabalho das gestões para melhor implementação de políticas públicas de saúde.

“Nenhum sistema de saúde no mundo tem como princípio fundamental a universalidade. Cerca de 73% da população brasileira é dependente do SUS. O serviço público vem se preparando há pouco tempo para tratar doenças crônicas como o câncer que tem um custo muito elevado de tratamento.Segundo dados do Ministério da Saúde, o aumento dos custos com oncologia entre 2000 e 2011 ultrapassou 255%. Ao ponto que temos muito para avançar, temos muito para reconhecer também…Sergipe foi, por exemplo, um dos poucos estados brasileiros a dispensar – anos antes da incorporação do Ministério da Saúde – o medicamento trastuzumabe, que é de alto custo, para mulheres com câncer de mama metastático. Assim como Sergipe também tem uma distribuição de mamógrafos superior à meta de um mamógrafo para cada 240 mil habitantes, disponibilizando atualmente 40 mamógrafos para a população, sendo 26 deles só para o SUS”, afirma.

*Fotos: André Moreira

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