#CompartilheSuaLuta foi e ainda é a hashtag viralizada pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – Femama durante a campanha nacional do Outubro Rosa 2018, que se encerra hoje, com o tema central “Sua Jornada Contra o Câncer de Mama Pode Ser Compartilhada”. A Associação dos Amigos da Oncologia – AMO é filiada e representante em Sergipe da Federação e, por isso, abraçou a campanha e seus principais objetivos de que os pacientes comecem a compartilhar dúvidas para achar respostas, a compartilhar medos para encontrar coragem, a compartilhar necessidades para conquistar direitos e a compartilhar conquistas para inspirar cada vez mais pessoas.
Intimamente ligado com a jornada dos pacientes, o projeto Navegação de Pacientes da AMO completou um ano de atuação e, nos dez primeiros meses de navegação clínica, navegou 80 pacientes e familiares em situação de vulnerabilidade social. Desses 80 pacientes navegados, 49 estão em tratamento do câncer de mama, seja em fase inicial, avançada ou metastática. Com a chegada do Outubro Rosa e a hashtag #CompartilheSuaLuta, a equipe do projeto Navegação de Pacientes decidiu compartilhar as histórias inspiradoras de quatro pacientes com câncer de mama navegados.
O primeiro passo para isso acontecer foi sensibilizá-los sobre a campanha, incentivá-los a compartilhar o enfrentamento do câncer e, por último, levá-los para uma sessão de fotos especialíssima no Studio Jorge Henrique, que fez um trabalho voluntário delicado, cuidadoso e muito expressivo. A partir daí, editamos as fotos e criamos um layout temático do Outubro Rosa. Tudo isso para encerrar, agora, a campanha Outubro Rosa 2018 da AMO de uma forma ainda mais linda, compartilhando vitórias… Reservamos, portanto, quatro expressões que sintetizam a história inspiradora de cada paciente convidado. A paciente Kátia Margareth Lins da Silva a sua luta contra o câncer de mama com a GRATIDÃO.
O CÂNCER DE MAMA E A GRATIDÃO: “SOU A PROVA VIVA DE QUE DEUS EXISTE E QUE MILAGRES ACONTECEM TODOS OS DIAS”
A pedagoga Kátia Margareth Lins da Silva, de 48 anos, é solteira e reside em casa própria com sua mãe e irmã no bairro 18 do Forte, em Aracaju. Ela levava uma vida muito normal, de casa para o trabalho, como educadora da Educação Básica de uma escola particular de Aracaju, de casa para as igrejas, já que é católica e muito devota de Nossa Senhora Aparecida, de casa para as atividades como voluntária na Pastoral da Saúde – uma ação social da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, para serviços de caridade, de justiça e de paz.
A rotina de Kátia Margareth era absolutamente normal, como a da maioria das pessoas, até que ela foi diagnosticada com carcinoma do tipo Her2+. O diagnóstico da paciente foi tardio por erro médico e não por falta de auto-cuidado. A médica especialista que a atendeu disse não se tratar de câncer e aliviou as preocupações da paciente. No entanto, os sintomas continuaram aparecendo e ela pagou novos exames para se certificar se estava ou não com a doença. O diagnóstico foi fechado entre seis meses e um ano, em meados de outubro de 2016, e com ele deu-se início a um longo tratamento.
De novembro para dezembro de 2016, Kátia Margareth passou a ser acompanhada por um excelente médico oncologista clínico e iniciou suas quimioterapias no Hospital de Urgência de Sergipe, o hospital público da rede estadual da saúde. Nesse tempo, Kátia já sabia ser uma paciente com câncer de mama metastático, inoperável, do tipo Her2+, e que o único tratamento acessível para ela era a quimioterapia. Do final de 2016 até o início do segundo semestre de 2018, Kátia Margareth já enfrentou quase 50 sessões de quimioterapia, com algumas interrupções do tratamento pela falta de Taxol e, também, teve muita dificuldade no acesso a exames diagnósticos como tomografias e ressonâncias magnéticas para acompanhar a evolução do tratamento.
Em meio a tudo isso, o estado clínico da paciente era de metástase óssea e no fígado. Além da quimioterapia, Kátia Margareth passou a fazer uso do Herceptin, mesmo antes da dispensação do medicamento de alto custo pelo Ministério da Saúde para pacientes com câncer de mama metastático, já que Sergipe era um dos poucos estados brasileiros a dispensar essa tecnologia, após estudo de viabilidade decorrente de audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe motivada pela Femama e pela AMO.
Com o uso do Herceptin e as quase 50 sessões de quimioterapia, o câncer na paciente praticamente desapareceu da mama, do fígado e do sistema ósseo. Kátia passa a ser então mais uma comprovação de que milagres acontecem todos os dias. Agora, a luta da paciente é pela dispensação do medicamento de alto custo Pertuzumabe, ideal para o seu tipo de câncer de mama, pois poderá lhe dar mais tempo e qualidade de vida e, até a cura. Com a judicialização da saúde, Kátia Margareth aguarda decisão judicial pela liberação, enquanto o Ministério da Saúde não faz a distribuição do medicamento, autorizado desde junho deste ano.
“Tive um diagnóstico tardio. Não por mim, que sou auto-cuidadosa e bem informada, mas por outras razões já superadas…Com um câncer de mama metastático, do tipo Her2+, inoperável, já enfrentei quase 50 sessões de quimioterapia. Da mama, as células cancerígenas se espalharam para o fígado e para o sistema ósseo no decorrer do tratamento. Agora, elas desapareceram e não voltarão mais! Sou a prova viva de que Deus existe e que milagres acontecem todos os dias”, agradece a pedagoga Kátia Margareth, ainda aguardando ansiosamente pela dispensação do medicamento de alto custo Pertuzumabe pelo Ministério da Saúde.