“O SOFRIMENTO SÓ É INTOLERÁVEL QUANDO NINGUÉM CUIDA”, COMPARTILHA A MÉDICA ONCOLOGISTA PRÍSCILA MIRANDA O ENSINAMENTO PRATICADO NA MEDICINA PALIATIVA

29/12/2022

A oncologista clínica mineira, Príscila Miranda Soares, marcou suas palestras no II Seminário de Cuidados Paliativos de Sergipe, realizado no final do mês de novembro último em Aracaju, com a certeza de que “todo sofrimento é urgência!”. A mineira de Montes Claros é uma das maiores referências no Brasil em Medicina Paliativa e abriu sua passagem por Sergipe destacando o ensinamento praticado nos Cuidados Paliativos de que “o sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida”.

Ao contextualizar sobre o tema no Mundo e no Brasil, a médica paliativista começou esclarecendo que os Cuidados Paliativos não são abandono, muito menos eutanásia. Aprofundou o debate sobre a necessidade e a importância de se aliviar a dor e de se exercitar cada vez mais a compaixão. E apresentou dados espantosos como os de que mais de 60 milhões de pessoas vivem com dor e sofrimento, a cada ano, sem ter acesso a cuidados especiais e que menos de 10% dessas pessoas necessitadas recebem os cuidados paliativos em todo o mundo.

CENÁRIO ATUAL NO BRASIL
Com informações da Academia Nacional de Cuidados Paliativos – ANCP, Príscila Miranda apresentou o mapeamento dos serviços de Cuidado Paliativo no Brasil com apenas 191 serviços espalhados nas cinco regiões do País, com cerca de 900 mil mortes anuais por câncer e outras doenças crônicas e com 95% dos hospitais brasileiros sem nenhuma equipe de cuidados paliativos.

“Apenas 5% dos hospitais brasileiros disponibilizam equipe de Cuidado Paliativo. Temos hoje 105 serviços de cuidado paliativo concentrados nas Regiões Sudeste e Sul, o que representa mais de 70% do total de serviços em todo o Brasil. A necessidade atual é de 10 mil leitos de cuidados paliativos, mas temos menos de 500 no país inteiro. Precisamos transformar essa realidade urgentemente e proporcionar conforto e aliviar o sofrimento de quem tanto precisa”, informa a especialista.

O ALÍVIO DA DOR
Aliviar a dor e outros sintomas de sofrimento é um dos maiores princípios da Medicina Paliativa. Junto a esse, a médica mineira considera importante sempre respeitar a dignidade e a autonomia dos pacientes, honrar o direito do paciente de escolher o tratamento, oferecer acolhimento psicossocial e espiritual, não acelerar ou adiar a morte, exercitar a compaixão e realizar uma comunicação adequada com o paciente e com a sua família.

Em sua passagem, Príscila Miranda trabalhou não só informações mais gerais, mas também técnicas para a boa comunicação de notícias difíceis e a importância da busca pela espiritualidade com todos os presentes. “A morte nos ensina a viver. E a busca pela espiritualidade nos faz compreender isso. Precisamos olhar para a vida e perceber que ela foi como poderia ter sido, sem acusações, sem vitimismo. Porque o modo como você vive, determina a maneira como você morre”, pondera a médica com grande sabedoria.

 

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